Como lidar com as perdas e o luto
Ao longo da vida perdemos, consciente ou inconscientemente, amores, sonhos, ilusões de liberdade, de poder e de segurança, status e perdemos nosso EU jovem, que se julgava imune às rugas, invulnerável e imortal.
Perdemos, também pela morte, pessoas que amamos além de outras perdas por abandonar ou ser abandonada, por mudanças de endereço, de emprego, por ter que deixar pessoas, lugares e coisas para trás e seguir em frente. Vivenciar cada tipo diferente de perda é uma experiência necessária para o desenvolvimento emocional.
A perda gera dor física e emocional, e a maneira que a mente cria para viver e elaborar este misto de emoções desagradáveis é o sentimento de luto – que não se refere a perda por morte apenas, mas a qualquer ausência de algo ou alguém que não voltará mais.
O luto é um processo interior difícil, lento e extremamente doloroso, mas tem começo, meio e fim. Aceitar que sentir todas essas emoções faz parte da sua humanidade já é um passo para a superação.
Ninguém sabe lidar 100% com a morte. Ela é uma desconhecida, mesmo com todas as explicações religiosas e filosóficas, pensar nela nos traz medo, angústia e insegurança.
Elisabeth Kubler-Ross, especialista no assunto, percebeu que para vivenciar o luto passa-se por fases necessárias:
#1a. Fase – Negação
É um tempo de choque, descrença, apatia, tristeza, solidão e às vezes, isolamento. Lidar com a perspectiva de um futuro sem o/a falecido/a é uma exigência muito alta, tendo em vista que pouco tempo atrás a pessoa estava viva. Algumas pessoas nessa fase, mantém a pessoa morta “viva” em seus pensamentos cotidianos.
#2a. Fase – Raiva
Quando se percebe que a morte é fato e nada há a fazer, aparece a revolta – com a religião, com os médicos, com pessoas próximas, com ela mesma e até com o/a falecido/a. Algumas pessoas congelam essa fase para evitar sentir raiva, mas trata-se de um sentimento necessário para externar a frustração de ter perdido alguém querido.
Nessa fase também aparece o sentimento de culpa pelos maus sentimentos, pelo que a pessoa fez ou deixou de fazer, enfim, seja culpa irracional ou justificada, quase sempre ela é parte do processo. Para se defender dessa culpa ou aliviá-la, passa-se ao endeusamento do falecido.
#3a. Fase – Negociação ou Barganha
Pensamentos como “Se eu rezar bastante quem sabe ele volta” ou então “Se eu for uma boa pessoa ele volta”, e suas variações, são comuns, buscando evitar o sofrimento por meio de “acordos” internos. As emoções também mudam, afinal, aqui a pessoa está mais calma, reflexiva e até humilde.
#4a. Fase – Depressão
É a fase mais longa do processo, com sentimentos de impotência, melancolia, apatia e desesperança. É um momento de isolamento e introspecção necessário para a elaboração da perda.
#5a. Fase – Aceitação
Embora ainda haja choro e saudades, é a etapa final e significa recuperação e adaptação. Agora o desespero dá lugar ao entendimento das suas emoções, e então o sofrimento diminui até ser superado. Recupera-se a estabilidade, a energia, a esperança, a capacidade para ter prazer e investir na vida.
Superar não significa esquecer ou ignorar. Significa entender seu próprio sentimento e viver com serenidade apesar dele.
Evitar ou pular etapas prolonga mais o sofrimento, pois sentir e viver o luto é extremamente necessário.
As perdas são parte da vida, são universais e implacáveis. E cá pra nós: em qualquer fase da vida, pra qualquer pessoa, perder é difícil e dói muito mesmo!
Ao longo da vida crescemos emocionalmente deixando para trás alguns vínculos profundos com outras pessoas, abrindo mão do nosso corpo, nosso status de criança ou adolescente, desistindo de projetos, caprichos e vontades.
Essas perdas são necessárias porque para fortalecer e amadurecer, temos de perder, desapegar e desistir.
Os seres humanos não são iguais, cada um possui seu tempo para elaborar a perda, não há uma receita única para seguir. Caso você esteja em algum luto, em sofrimento muito intenso para o qual não consegue ver saída, procure ajuda profissional.
Siga em frente, cuide de si mesma, investindo no seu crescimento pessoal, no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e no seu bem-estar.
Nesse 02 de novembro lembre-se que a dor da perda é passageira, mas o fortalecimento adquirido com a experiência do luto é perene e rico em oportunidades.
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Cristina Vasconcelos
Psicoterapeuta
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